quinta-feira, 7 de junho de 2012

Cap.19 - Live to Rise

Daniel e Natanael pararam em uma daquelas paradas de caminhões na beira das estradas. Ambos estavam feridos e exaustos, precisavam se alimentar e precisavam dormir, descansar para que seus corpos pudessem se recompor. Quando estavam materializados na Terra, os anjos estavam sob as mesmas leis dos mortais e também precisavam se alimentar para que pudessem manter suas formas humanas.
Eles desceram das motos, entraram na lanchonete e procuraram um lugar para sentar junto ao balcão. O lugar estava lotado por caminhoneiros da madrugada que tomavam cafés e comiam frituras. Alguns deles bebiam cerveja e os mais ousados se aventuravam em bebidas masi fortes. O lugar fedia a gordura, mofo e suor, um símbolo da decadência e do mau cuidado.
- O que vão querer? - A garçonete perguntou no balcão.
- Duas cocas. - Natanael disse, seco.
A garçonete virou-se para buscar as bebidas e antes que Natanael pudesse falar algo, Daniel o olhou, incrédulo, não sabia que Natanael conhecia o planeta.
- Já esteve aqui antes? - Daniel perguntou
- Nesta espelunca? Nunca antes em minha existência.
- Quis dizer no planeta. - Daniel foi mais enfático.
A mulher retornou com as bebidas, Daniel tirou uma nota de dez reais e deixou em cima do balcão. Ele e Natanael dirigiram-se para fora do lugar, o ar ali dentro era insuportável demais para que os dois conversassem. Chegando do lado de fora apoiaram-se nas motos e começaram a beber.
- Ando por este planeta desde de que minha essência foi reunida, irmãozinho. Venho procurando por você há muito tempo. Atravessei as eras no seu encalço e finalmente te achei. Só para descobrir que você arrumou encrenca muito maior do que aquela que eu tinha planejado pra você.
- Acredite em mim Natanael, preferia ter que enfrentar você numa batalha de vida ou morte à ter que enfrentar o que estou enfrentando agora.
- Quem era seu amigo brilhante? - Natanael perguntou.
Daniel começou a contar toda história, desde de seu encontro há mais de 10 anos com Uriel, o irmão mais próximo de Miguel e seu aliado, até seu encontro com os tais seres conhecidos como elementais. Então falou sobre Bruna, Lilith e sobre tudo que ainda estava por vir: o Apocalipse da raça humana.
Natanael ouviu tudo, fascinado pela história, jamais poderia imaginar que seres como os elementais pudessem existir, superiores aos anjos, tão fortes quanto os grandes arcanjos. Tudo aquilo parecia surreal. Ele já tinha ouvido falar da guerra civil, mas não sabia em que pé estava, fazia muito tempo que ele não pisava nas regiões celestes.
- Hum, é realmente... fascinante. Se não conhecesse você, diria que sua vida aqui neste planeta condenou sua mente. - Natanael disse frio.
Daniel se ajeitou na moto e apoiou a lata no chão e olhou firmemente para o irmão. Ele estava sério novamente e o ar ficou pesado.
- Irmão, sei que você quer sua vingança e dou a você toda razão por buscá-la, mas agora estou ocupado. Se quer mesmo me matar terá que me enfrentar, entretanto devo avisá-lo que lutarei com tudo o que tenho. Pela primeira vez em milênios tenho uma missão a cumprir e não posso falhar... Não novamente.
Natanael se levantou, olhou dentro dos olhos do irmão, sabia que ele falava a verdade, sabia que ele havia mudado. Ele amassou a lata e a atirou na direção de um caminhão estacionado. Natanael não era fã da espécie humana, não nutria qualquer amor por ela, mas era um bom soldado, seguia ordens do Pai e por isso protegeria os pequenos bonecos de barro, protegeria eles não por amor, mas por honra.
- Se eu o quisesse morto, você estaria. Não gosto desses pequenos macacos que o Pai criou, mas quem sou eu para discutir com as ordens dele? Eu vou te ajudar até que complete esta missão, mas depois... Você e eu teremos um duelo e acredite em mim, vou arrancar sua cabeça e pendurá-la em uma estaca.
- Faça como quiser.
- Precisamos arrumar um lugar para descansar, pelo menos por essa noite, depois prosseguimos com a sua cruzada.
- Eu não tenho dinheiro suficiente para uma hospedagem pra nós dois. - Daniel disse.
- E quem mencionou dinheiro? - Natanael sorriu
Natanael montou em sua moto e saiu em direção à estrada, queimando os pneus. Daniel não ficou para trás, rapidamente entendeu o que o irmão quis dizer, não concordava em manipular a mente de humanos, mas àquela altura, aquilo era uma necessidade.
Dirigiram por mais duas horas até que a exaustão tomou conta de ambos. Para sorte de ambos, Daniel avistou um hotel de beira de estrada mais à frente. Eles manipularam a mente do proprietário, um senhor por volta de seus 70 anos e alugaram dois quartos. Quando finalmente deitaram em suas camas, rapidamente apagaram, cada qual tendo como último pensamento sua missão. Um deles tentava salvar a raça humana, o outro só procurava sua vingança.
Acordaram ambos com o cheiro de fumaça, os quartos pareciam estar pegando fogo. Abriram as portas e olharam-se. Eles podiam sentir que no fundo daquela fumaça queimava enxofre.
- Demônios. - Eles disseram ao mesmo tempo.
Desembainharam suas espadas e correram em direção à recepção. O senhor da recepção jazia morto no chão, uma poça de sangue ao seu redor. Seu coração havia sido arrancado. Do lado de fora brotava uma risada gutural, demoníaca que fez os dois anjos apertarem a mão ao redor do cabo da espada.
Eles correram para o lado de fora  e viram um homem por volta de seus 50 anos, vestindo um terno rasgado, de suas costas brotavam duas asas queimadas havia milênios e seus rosto também estava dilacerado pelas chamas.
- Asmodeus. - Daniel disse
- O príncipe do inferno? Está lutando contra esse também irmãozinho? Devo dizer que realmente você sabe arrumar uma boa briga.
- Ora ora se não é Natanael, o anjo empalado por seu próprio irmão... - Asmodeus zombou - ... Mas quem te empalou não é esse aí do seu lado? Quer dizer que além de fraco é covarde? Do que vocês anjos são feitos? Da merda dos seres humanos? - Asmodeus gritava e zombava dos anjos.
Natanael não se movia, não dava um passo, sua respiração estava controlada. Daniel sabia que o irmão estava se preparando para o ataque. Os olhos de Natanael começaram a brilhar fortemente, uma forte luz emanou deles, todo o corpo dele parecia tremer e das suas costas suas asas se materializaram, rasgavam o pano da camisa, a carne humana do invólucro e logo elas estava abertas, ameaçadoras. Daniel ainda estava controlado, suas asas ainda não haviam se materializado, tinha algo de muito estranho naquilo, por que Asmodeus os atacaria tão visivelmente? Não era seu estilo.
Natanael partiu para o ataque, a sede de sangue em seus os olhos, a fúria devastadora do querubim.
Quando o anjo se aproximou o suficiente Asmodeus sacou sua espada, cujo aço era negro como a noite, era como se todas as sombras e temores estivessem compactados naquela lâmina.
Ele fez um arco de movimento que atingiu Natanael na face, causando um rasgo profundo. O anjo caiu de lado, o sangue escorria enquanto ele urrava de dor.
- Soube que vocês mataram meu sócio ontem à noite, uma péssima ação devo dizer. Urano era um ótimo aliado, terei qeu matar ambos por seu mau comportamento. Essa - disse ele apontando para a espada - é a lâmina das trevas, capaz de matar anjos e elementais.  - Asmodeus sorriu.
Foi a vez de Daniel partir em direção ao ataque, uma luta feroz de espadas se seguiu. Daniel era rápido, mas Asmodeus conseguia evitar seus golpes e investir na guarda do renegado. A luta durou por mais alguns minutos até que Daniel finalmente conseguiu uma brecha e cravou a espada no peito do demônio. Imadiatamente, como que por mágica Asmodeus se desfez em uma nuvem de poeira.
Uma risada então ecoou ao fundo. A imagem de Asmodeus ressurgiu nas chamas, seu rosto era moldado pela fumaça que emanava do hotel.
Foi então que veio uma grande explosão que lançou Daniel diretamente na estrada, deixando-o quase desacordado. A fumaça subia aos céus e ele já não ouvia mais a voz de Asmodeus nem conseguia sentir sua presença. Ele finalmente entendeu o que Asmodeus queria ali... Atrasar sua chegada à Brasília. Era Bruna quem estava em perigo.














Continua...................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário