sábado, 14 de julho de 2012

Cap.26 - Assassin

Sarah caiu no chão, o gosto de sangue dominava sua boca, aquele leve gosto metálico. Tentou se mover mas era inútil, já estava imersa numa poça de sangue. Encarando a maga, estava Natalie, de pé, sorrindo, parecia experimentar um momento de prazer incomparável. Por um breve momento Sarah viu um lampejo nos olhos de Natalie, um lampejo em que um olhar doce e gentil apareceu. Bruna estava certa, a sua irmã ainda estava ali dentro de algum jeito, lutando para não deixar que as trevas a dominassem, talvez ela vencesse, talvez ela perdesse.
Sarah ouviu novamente as sirenes se aproximando, o comboi parecia recuperado do ataque das chamas da ruiva, ao mesmo tempo Sarah ouviu um grito vindo da porta do hotel, mas ela não podia ter certeza, o mundo à sua volta já começava a girar e ela sentia que sua consciência ia se esvaindo assim como seu sangue.
- Sarah! - Era a voz de Odin.
Natalie olhou na direção do velho e sorriu.
- Parece que nos encontramos de novo, velhote. - Ela dizia com escárnio.
Odin não pôde conter sua fúria, sua tristeza e decepção. Todos os sentimentos pareceram transparecer em seus olhos, nuvens negras começaram a cobrir o céu, trovões ribombavam ao longe e a terra parecia tremer. Odin pegou o martelo preso em sua cintura, ele já não tinha mais controle de si, estava disposto a matar Natalie da forma mais dolorosa possível.
- O que? Não me diga que ficou chateadinho. - Natalie continuava com o escárnio.
Bruna apareceu na porta acompanhada de Daniel e Natanael que logo perceberam o que se passava. Bruna ia correr para parar Odin, mas Natanael a segurou.
- Me solta! É minha irmã! - Bruna gritava.
- É uma assassina e será tratada como tal. - Odin gritou.
- Não! Ela não tem culpa!
- Sim, ela tem, ela deixou as trevas a dominarem, ela é culpada e pagará por isso.
Odin agitou o martelo no ar e um forte relâmpago se materializou no movimento e atingiu Ntalie com toda a força no peito. A garota caiu a 20 metros de distância e não conseguia se mover, apenas gritava de dor.
- Pegue Sarah e vá pra dentro. Tente estancar o sangue e se necessário use sua própria energia vital para salvá-la. Nós precisamos dela. - Daniel disse sério.
Natanael pegou o corpo da maga, praticamente inerte no chão e a levou para dentro, Bruna entrou juntamente com ele, mas não sem antes olhar para a irmã caída. Olhou na direção de Daniel e implorou.
- Por favor, Daniel... não deixe que a matem.
Daniel apenas assentiu com a cabeça e olhou para Odin. Eles tinham coisas mais importantes para lidar agora, como por exemplo um comboio com quatro carros da polícia federal a poucos metros deles. Os policiais já estavam posicionados, mas havia algo de diferente neles... Daniel podia sentir que aqueles não eram comuns. Quando o renegado olhou fixamente para um deles percebeu que seus olhos eram negros como a noite, ele estava certo aqueles não eram humanos comuns, eles estavam possuídos.
- Eles não são normais. - Odin disse.
- Estão possuídos.
- Mas ainda são humanos certo? - Odin pareceu preocupado. - Se nós os matarmos, mataremos também os humanos que os estão possuindo.
Daniel cerrou os dentes, eles tinham uma difícil escolha pela frente. O que fazer? Matar os demônios e os humanos ou tentar bloquear todos eles?
- Não creio que tenhamos escolha, precisamos dar o fora daqui de qualquer maneira.
Enquanto isso um policial caminhou na direção deles, um velho conhecido, mas aora ele não estava usando o terno risca de giz, apenas um colete a prova de balas.
- Vocês me parecem confusos, meus amigos. - Asmodeus dizia em tom de escárnio - Parecem num dilema sobre matar meus homens ali.
Asmodeus apontou para os policiais atrás dele e continuou caminhando na direção dos dois homens.
- Sabe o que eu acho? - Asmodeus continuou - Que vocês não irão matá-los, irão ficar aqui e lutar, defendendo posições e morrerão nelas, não são capazes de matar um humano, mesmo um humano endemoniado...
Daniel levantou sua espada e apontou na direção de Asmodeus, os olhos do renegado assumiram um otm diferente, começaram a brilhar da mesma forma que no hotel pouco antes de ele perder o controle sobre suas ações.
Asmodeus recuou um passo e Odin preparou o martelo. O que tinha que ser feito deveria ser feito não importava os custos.
Daniel, respirou fundo, tudo deveria ser feito com precisão e rapidez e ele estava torcendo para que Odin entendesse o recado. Expirou o ar lentamente, seus pulmões estavam queimando, o brilho em seus olhos se estabilizou, o poder estava sob controle.
- Sabe o seu erro, Asmodeus? Você me subestima. Jamais deveria ter se esquecido de que mesmo caminhando na terra há milênios, eu ainda sou um anjo. - Daniel disse e começou a correr na direção de Asmodeus.
Antes que Asmodeus conseguisse esboçar alguma reação, Daniel lançou a espada na direção do demônio. Ele se desviou na última hora e a espada penetrou em seu pulmão, bem próximo ao coração. Odin entendeu o que aquilo significava e imediatamente canalizou um raio na direção da espada. O raio eletrificou a espada e consequentemente Asmodeus, o demônio nem mesmo teve tempo para reagir e foi lançado a 100 metros de distância enquanto uma saraivada de raios atingia a espada.
Daniel correu na direção dos demônios desorientados e ainda sem reação. Colocou as duas mãos sobre os dois primeiros demônios que achou e então seus olhos se iluminaram. Os dois demônios sentiram o corpo tremer e queimar, sentiram que sua existencia pegava fogo, como as almas condenadas no inferno, a dor era insuportável. Eles queimaram dentro dos humanos até deixar de existir, mas os humanos estavam a salvo.
- Ele está... nos exorcizando?! - Um demônio perguntou aterrorizado
- Atirem nele! Atirem no anjo, impessam esse filho da puta! - Outro demônio gritou pouco antes de Daniel o destruir do mesmo jeito.
Os demônios começaram a disparar em sequência, mas Odin interveio, com a ajuda dos raios criou um campo magnético que impediu as balas de alcançarem o anjo, uma proteção enquanto o anjo ia exorcizando todos um a um. Alguns dos demônios começarama ligar as picapes novamente e a dar ré, não queriam ter a mesma sorte dos companheiros, logo haviam 10 corpos no chão, adormecidos e apenas dois carros do comboio restaram, todos os que conseguiram escaparam, inclusive o próprio Asmodeus que foi jogado dentro de uma caçamba e levado para longe dali.
- Acabou. - Disse Daniel ofegante, o exorcismo era um processo que demandava muita energia e ele estava exausto agora.
- Ainda não. - respondeu Odin, que surgiu com Natalie ainda desmaiada em seus braços.

Sarah estava inerte em cima da mesa da saleta de espera do hotel. Natanael tentava curá-la, usava tudo o que podia mas parecia ser inútil, ela havia perdido muito sangue e ele não queria usar o último recurso, era arriscado demais.
Bruna volta pra sala com um preparado de ervas que achou na cozinha, inexplicavelmente todos os hóspedes do hotel haviam desaparecido, inclusive o recepcionista que Daniel havia hipnotizado, mas Bruna não se importou com isso agora, precisava salvar Sarah. Ela espalhou o preparado de ervas sobre o ferimento de ervas e começou um encantamento de cura, Bruna é descendente de Gaia, a mãe terra, seu poder de cura é ampliado em relação ao dos outros elementais.
Bruna e Natanael continuavam gastando todas as suas energias para salvar Sarah, mas o ferimento havia sido profundo, pelo menos eles haviam conseguido parar o sangramento. Do lado de fora eles podiam ouvir o som de demônios gritando, carros em retirada... Daniel e Odin estavam lidando com a situação. Secretamente Bruna torcia para que Natalie ainda continuasse viva.
- Ela está acordando. - Natanael disse.
Sarah começou a acordar, seus olhos se abriam devagar e sons confusos pareciam ecoar dentro da sua cabeça, demorou um tempo, para ela pareceram ser séculos para que tanto os sons quanto as imagens começassem a ficar focados. Assim que conseguiu ter consciência de onde estava viu entrar pela porta da frente Daniel e Odin. O elemental carregava nos braços o corpo inerte de Natalie, a responsável por seu estado.
Sarah virou a cabeça um pouco para o lado, o suficiente para que Bruna entrasse em seu campo de visão, reuniu todas as forças que ainda restavam e fez um único apelo, quase inaudível.
- Preciso... da sua ajuda... para um último feitiço.














Continua.....................................................








domingo, 8 de julho de 2012

Cap.25 - Knights Of Cydonia

Uma espada era agitada no ar, o sangue se espalhava pelos campos, seres alados caíam por toda a parte, amontoados de corpos de demônios e de anjos podiam ser vistos até o horizonte. No alto de um monte estava um grande ser alado, suas asas mediam mais de dois metros cada uma, chegando ao ponto de se arrastar pelo chão, ele usava uma armadura dourada que reluzia como o sol. A lâmina de sua espada tinha um fio de corte duplo e o aço era negro como a noite, ele e mais 3 anjos estavam vestidos da mesma forma... Os príncipes de Deus, os poderosos arcanjos.
No vale um anjo parou sua peleja para observar os poderosos seres alados, frios e distantes da batalha, mas observando cada espada. O anjo quase foi pego de surpresa por um demônio que lançou sua lança na direção do anjo distraído, mas ele rapidamente se esquivou, correu na direção do demônio, seu punho estava cerrado, ele rasgou a pele do demônio e arrancou seu coração com as mãos, logo o demônio estava morto.
O anjo novamente parou e olhou para os gigantes celestes morro acima, não gostava deles, não confiava neles, pareciam superiores e arrogantes demais para o jovem querubim. Foi então que ele se deu conta de que um dos gigantes estava olhando para ele, aquele cuja espada brilhava como o sol. O gigante fez um sinal para que o anjo abandonasse a batalha e fosse falar com ele.
"Droga", o anjo pensou, "Mais ordens inúteis sobre batalha! Por que eles não saem de seus postos e lutam eles mesmos? Nos observam lutar e morrer enquanto ficam ali ao sol!"
- Você, qual sua patente? - O arcanjo perguntou
- Sou um mero querubim, meu senhor. - o anjo respondeu.
- Sabe quem eu sou, querubim?
- Um dos 4 príncipes celestes, meu senhor.
O arcanjo, guardou a espada que estava desembainhada e olhou para o anjo de uma forma mais terna.
- Vi como você matou aquele demônio e vi a forma como olhava para nós, deve pensar que somos um bando de tolos com suas espadas no alto de um monte enquanto a batalha acontece, não é?
O anjo parou de respirar por um momento, se ele respondesse afirmativamente provavelmente seria fulminado ali, mas ele já não tinha muita coisa a perder.
- Sim, meu senhor.
O arcanjo riu, gargalhou e deixou o anjo sem reação, ele esperava muitas coisas, mas jamais uma gargalhada.
- O que acha de ser de minha guarda pessoal? Gosto de anjos que expressam seus pensamentos e são sinceros. É difícil encontrar alguém em quem confiar hoje, até mesmo no céu. Você luta bem e é confiável, o que me diz?
- Claro, meu senhor. - por um breve momento o anjo se permitiu sentir entusiasmado com a idéia só até lembrar que seu protegido seria um arcanjo e daria as mesmas ordens inúteis de sempre.
- Mas você está errado em seus pensamentos, querubim. Não somos tolos parados no alto de um monte e chegará o tempo em que você descubrirá isso.

Daniel abriu os olhos devagar, o sol já invadia a janela. Ele se levantou e foi lavar o rosto, mas no caminho do banheiro percebeu que Rafael já não estava ali, foi então que ouviu o ronco de uma moto do lado de fora. Sem saber ao certo o motivo, Daniel desceu as escadas em direção ao som e viu Rafael colocando o capacete, pronto para partir.
- Fugindo nas primeiras horas da manhã? - Ele perguntou sarcástico.
- Tenho uma guerra a lutar, querubim. Não é o único que enfrenta guerras.
- Sou o único de nós dois que luta por algo além de seu próprio orgulho.
- Tem certeza? Você me julga por lutar contra meus irmãos, me julga porque levanto a bandeira da humanidade sem nem mesmo pensar nela.
- E estou errado?
- Não adianta eu responder, você simplesmente assumirá que está certo e que eu sou o vilão medíocre, é inútil discutir.
Daniel sorriu, não de uma forma agradável, mas irônica. Rafael ligou a moto novamente e tirou o apoio, estava pronto para partir, mas não sem antes olhar para Daniel uma vez mais.
- Você ainda é o mesmo anjo que me olhava com raiva naquele vale há milhares de anos. Mas hoje, assim como há mais de 5000 anos eu te digo novamente: Chegará o tempo em que você descobrirá que não sou um tolo no alto de um monte.
Ele virou as costas e saiu, levantando poeira e dentro de pouco tempo Daniel já não conseguia vê-lo no horizonte. Foi a vez do querubim voltar para dentro do hotel, chegou no quarto enquanto todos ainda dormiam e tomou um banho, no fundo, bem no fundo ele torcia para que Rafael estivesse certo, mas a maior parte dele ainda duvidava disso.
Enquanto terminava seu banho ouviu Natanael gritar da sala.
- Daniel, você precisa ver isso!
Daniel secou-se o mais rápido que conseguiu e colocou uma calça para ir até a sala onde todos estava reunidos na frente da televisão enquanto o repórter mostrava a foto de Odin, Daniel e Natanael como sendo procurados pela justiça, sendo responsabilizados pelo incêndio no hotel em Brasília.
" Os três homens foram vistos saindo do local enquanto o hotel estava em chamas, são considerados foragidos da justiça e são potencialmente perigosos, caso tenham qualquer informação sobre eles ligue imediatamente para a polícia federal." O repórter disse e mais uma vez exibiu a imagem dos três homens.
- Temos que sair daqui. - Sarah disse - Eu vou chamar Rafael, ele deve estar tomando café. Temos que correr contra o tempo para chegarmos na amazônia antes de Lúcifer.
- Não perca seu tempo procurando pelo arcanjo. Ele saiu esta manhã, foi lutar sua própria guerra. - Daniel disse.
- Do que está falando? - Sarah parecia não acreditar no que ouvia, ela conhecia Rafael e esperava que isso fosse acontecer, mas esperava que ele se despedisse.
Daniel olhou para Sarah, olhou dentro de seus olhos e sabia que ela conhecia o arcanjo tão bem quanto ele.
- Você o conhece, Sarah. Ele têm suas próprias batalhas.
Fim da discussão. Sarah fechou o semblante e começou a arrumar suas coisas pelo quarto dentro de uma pequena mochila, ninguém falou mais nada e todos copiaram o gesto dela. Daniel terminou de se arrumar e desceu para tomar um café além de tentar descobrir se alguém mais o reconheceria, por precaução arrumou um boné e um óculos escuros e os colocou.
Enquanto descia as escadas percebeu que Bruna estava atrás dele e ela não parecia estar muito contente.
- O que você quer? - Ele perguntou
- Poderia ter sido mais gentil com Sarah, sabe que ela gosta de Rafael, todos gostaram menos você. Ele...
Daniel parou no meio da escada e olhou para Bruna, mesmo com os óculos escuros, Bruna percebeu a raiva dentro dos olhos do querubim.
- Vocês acham que conhecem ele? Acham realmente isso? Eu lutei por milênios ao lado dele, eu o via no alto do monte junto aos irmãos arrogantes dele enquanto nós morríamos lutando! Acha que isso é agradável? Pergunte a Natanael! Não me venha com esse papo de gentileza, sou um anjo, não estou submetido às mesmas leis e padrões de comportamento que vocês humanos então me faz um favor? Não me enche.
Ele virou as costas e desceu as escadas ainda mais depressa enquanto Bruna não se moveu de onde estava. Nunca tinha visto o anjo falar assim, ele parecia realmente chateado.
- Ele está certo, Bruna. - Sarah disse logo atrás dela.
Bruna se virou ainda chocada, não havia percebido a presença de Sarah ali.
- Ele está errado, não importa o que o arcanjo fez, ele pode mudar.
- Você não sabe pelo que ele já passou, não sabe o que os arcanjos fizeram a ele.
- Ele traiu o irmão e foi condenado por isso, foi jogado na terra. Isso é justiça, não há nada além disso, não há motivo para ódio.
- Essa não é toda a história, Bruna. Nem tudo termina com uma simples condenação.
- O que quer dizer com isso?
- Os arcanjos mataram deliberadamente todo o pelotão que Daniel comandou, jogou ele na terra e cidade após cidade onde o anjo se refugiou, os arcanjos vieram e queimara, trouxeram doenças e o caos até que finalmente perderam o rastro do renegado. É como ele vive até hoje, sob as sombras, fugindo dos arcanjos. Não por ele, ele já não tem mais nada a perder, mas ele se esconde pelos humanos que jurou proteger.
- Os arcanjos mataram os humanos por causa de um renegado? - Bruna parecia não acreditar, afinal eram anjos, foram criados para proteger os humanos.
- Há muitas coisas que não sabe sobre a vida, e há uma grande chance de não descobrir a tempo. - Sarah hesitou, sabia que a sentença de morte da pupila estava decretada.

Natanael não tinha nada para guardar, ele sentou em na cama e ficou olhando pela janela, imerso em pensamentos, parecia estar longe dali, muito longe. Ele sentia algo diferente, ele se sentia vivo, pela primeira vez em milênios ele se sentia vivo. Alguma parte dele dizia "Isso é se tornar humano, é sentir-se vivo com cada célula do seu corpo." Mas Natanael era um querubim, não um humano e parecia haver uma luta dentro dele para decidir sobre quem ele realmente era.
- No que está pensando, Natanael? - Odin perguntou.
- As vezes penso que estou me tornando humano.
- Isso é ruim?
- Sou um anjo, um celestial, não um humano. Para você deve ser fácil lidar com isso, é um elemental, uma força da natureza, já nasceu muito mais humano do que eu jamais serei.
Odin parou de arrumar uma pequena sacola e olhou para o anjo. Sentou-se em uma cadeira e olhou para o querubim.
- Está enganado. Sou tão celestial quanto você, criado pelo mesmo Deus e com os mesmos propósitos. Não é fácil perceber que parte de você se torna humano, mas não é tão ruim assim, na verdade tem seus benefícios. Se parar para pensar é uma libertação. Você deixa de pensar e agir porque tem que fazer isso, mas passa a fazer porque você quer fazer.
- Talvez. - Natanael ficou em silêncio e Odin voltou a arrumar suas coisas quando Sarah entra no quarto seguida de Bruna.
Bruna estava emudecida, parecia estar digerindo algo, algum pensamento. Mal teve tempo de adentrar no quarto e Daniel já entra com cara de poucos amigos.
- Merda! - Daniel disse.
- O que houve? - Bruna perguntou.
- Nos reconheceram, o houseman nos denunciou para a polícia, estarão aqui em questão de minutos.
- Como sabe? - Sarah perguntou.
- O houseman me contou... Vamos dizer que ele foi persuadido a contar. De qualquer forma temos que sair daqui, agora!
- Acho que não teremos tempo pra isso. - Natanael disse.
Pela janela ele conseguia ver os carros se aproximando e avistou uma figura bem conhecida pilotando um deles... Asmodeus.
- Asmodeus está a caminho.
- Será que ele nunca desiste? - Bruna perguntou.
- Temos que arrumar uma distração. - Odin falou.
- Eu tenho a idéia perfeita. - Sarah disse
Seus olhos começaram a parecer duas bolas de fogo, seus cabelos assumiram um tom mais avermelhado e logo ela saiu do quarto, desceu as escadas e chegou na porta do prédio bem a tempo de encontrar as viaturas chegando.
Ela sorriu um pouco e agitou os braços e duas imensas bolas de fogo saíram de suas mãos atingindo os dois carros da frente fazendo ele voar pelos ares. Os outros que vinham atrás imediatamente pararam e alguns até saíram de ré, evitando serem atingidos. Sarah parecia ter criado a distração perfeita até que sentiu uam dor dilacerante em suas costas, sua carne estava sendo rasgada e logo viu a ponta de uma faca surgindo entre seus seios, rasgando sua blusa.
O sangue fluía do ferimento e parecia que não iria parar, o gosto de sangue chegou em sua boca e ela já não conseguia permanecer de pé. Caiu de joelhos sobre a terra enquanto tentava virar o rosto para encarar sua assassina.
Natalie estava de pé, olhano fixamente para a ruiva, um prazer animal surgindo em seu rosto.













Continua..........................................

terça-feira, 3 de julho de 2012

Cap.24 - How Can I Live

Rafael começou a subir as escadas, ignorava todo e qualquer pedido que saísse da boca de Sarah. Ele não pretendia fazer mal alguma à garota, mas precisava vê-la afinal ela tinha seu "sangue", era sua sobrinha por assim dizer. Ao chegar no terceiro andar do hotel sentiu uma forte presença no lugar, uma presença que lembrava a aura de seus irmãos arcanjos, mas essa era diferente.
Essa aura não era só angelical, era mista, tinha algo a mais, algo tão ancestral quanto a aura angelical, uma aura pulsante de energia viva, como se a própria aura pudesse ser um ser independente do corpo. Ele caminhou na direção da porta de onde emanava esse poder, girou a maçaneta mas ouviu Sarah o chamando do corredor.
- Rafael, não!
Mas Rafael ignorou esse último apelo e adentrou no recinto. Bruna estava dormindo, coberta por ervas que funcionavam como uma pomada natural para restaurar o corpo debilitado pela luta. Rafael se aproximou e olhou para a garota, ela trazia lembranças à sua mente, lembranças de um irmão há muito tempo perdido... Ela lhe lembrava Emanuel.
- Olá, garota. - Ele disse, sua voz era suave.
Bruna acordou, inicialmente assustada, mas então uma paz invadiu seu ser ao olhar para o arcanjo, de certa forma ela sabia quem ele era. Sarah estava na porta, olhando a cena, esperando para saber como agir.
- Olá, Rafael.
Sarah estranhou que Bruna o conhecesse, mas então pôde ver que os olhos da discípula assumiram um tom diferente, estavam mais claros, mais luminosos, angelicais como os de Rafael. Seria aquilo que os celestiais chamavam de a consciência angelical? Um dom, uma força que unia todos os anjos, mesmo que jamais tenham se encontrado, uma força que os une, que os torna uma unidade.
Rafael sorriu, a garota de fato era descendente de Emanuel. Ele esticou a mão para cumprimentá-la.
- O arcanjo, a seu dispor.
- Como eu sei o seu nome? - Bruna perguntou como se acordasse de um transe.
- Eu sou... seu tio, por assim dizer.
- O irmão de Emanuel?
- O caçula e talvez o mais próximo. Você me lembra muito ele, algo nos seus olhos... É um prazer conhecê-la.
Bruna olhou para Sarah, tentando entender o que se passava ali, mas Sarah apenas acenou com a cabeça, indicando que estava tudo bem, que não havia nada a temer.
- Como me achou? - Bruna perguntou.
- Não estava procurando por você... Estava procurando por Sarah, ela é uma amiga antiga.
Bruna sorriu, notou o tom de voz do arcanjo e de como tanto ele quanto ela ruborizaram.
- Entendo.
Os três conversaram por um longo tempo, pareciam velhos amigos que há muito tempo não se viam. Bruna não guardou segredos do arcanjo, conto tudo, desde a morte de sua família até o último encontro com a irmã, Astaroth e Lilith. O arcanjo escutava a tudo maravilhado, falava de como eram as batalhas celestiais, das coisas que ainda estavam por vir, da eterna disputa entre Miguel e Gabriel pela raça humana.
Enquanto conversavam um caminhonete parou na porta do hotel. Uma Hilux, surrada, parecia que havia sido retirada de algum ferro-velho. Da caminhonete saíram três homens, um deles caminhava com dificuldade, o que parecia ser o mais velho. Dos dois mais novos um parecia ser sisudo enquanto o outro tinha a face mais leve, mas igualmente marcada pelo tempo e pelas batalhas. Subitamente os três pararam na porta do hotel.
- Está sentindo essa presença, Natanael?
- Estou irmãozinho... É um arcanjo e a julgar pela moto estacionada ali eu sugiro que seja Rafael. - Natanel disse
- O único dos príncipes celestiais que costuma vir à humanidade. - Daniel disse.
- Ele está com Sarah lá em cima, mas não ouço nenhuma luta ou perturbação, eu diria que estão conversando. - Odin falou.
Os três subiram em silêncio, caminhavam como gatos evitando fazer o mínimo barulho, suprimindo sua aura para que não fossem percebidos pelo arcanjo. Ao abrirem a porta do quarto de onde emanava a aura do arcanjo viram que tanto ele quanto Bruna e Sarah conversavam calmamente e até riam.
Daniel e Natanael ainda estavam tensos, Odin ficou tranquilo ao perceber o clima no local, mas os anjos estavam frente a frente com um general, um celestial do mais alto poder e eles dois eram de certa forma desertores.
- Olá Daniel, olá Natanael. - Rafael falou calmamente.
- Olá, Mestre. - Os dois responderam juntos.
No passado os dois querubins eram subordinados diretos do arcanjo, faziam parte de sua guarda até o fatídico momento em que foram designados por ele para guardar os portões do Éden. Rafael sorriu diante do cumprimento, era como se os anos não tivessem passado.
- Vocês dois estão diferentes meus amigos. Parece que a vida na Terra fez bem para ambos.
- Posso dizer que aprendemos uma coisinha ou outra. - Daniel disse.
- Eu diria que ainda estou para ver algo realmente importante. - Natanael respondeu.
Rafael riu e o clima pareceu ficar mais leve entre eles, a antiga amizade parecia estar intacta ainda.
- Quer dizer que estão preparando uma festinha para Lúcifer e nem me convidam? Como pretendem vocês 5 parar todo o inferno? - Rafael perguntou
- Daremos um jeito. - Daniel disse
- Darão um jeito? Não estão indo lutar com simples demônios, Daniel. Estão para enfrentar os seres mais ancestrais do inferno, anjos caídos e o rei deles, acha mesmo que pode dar conta deles?
- Como eu disse, teremos que dar um jeito. Somos tudo o que a humanidade tem. Enquanto os anjos disputam por quem deve ser o filho preferido de Deus a humanidade fica abandonada à própria sorte e aos lacaios de Lúcifer. - Daniel disse
- Não acha que a humanidade já está se destruindo por si só? - Rafael perguntou
- Acho que se a humanidade for se destruir por si só, que seja ela por si só sem a interferência de anjos ou demônios, que eles mantenham o livre arbítrio assim como o Pai ordenou. - Daniel disse
- Suas palavras são poderosas, mas acho que só está buscando uma causa pela qual lutar, anjo. Você passou anos de sua existência fugindo de si mesmo, já não tem mais vontade de viver, mas prefere morrer em batalha do que esquecido em um apartamento.
Daniel ficou calado, talvez Rafael estivesse certo, mas lá no fundo ele sabia que não era aquilo que realmente o motivava.
- Você pode estar certo, Rafael. - Natanael disse - Mas seja como for só descobriremos isso se tentarmos, se chegarmos ao limite. O que nos custa ajudar os humanos? Não estava fazendo nada mesmo e até que eles cozinham bem.
Rafael ficou calado, sabia que por mais que houvesse tensão entre os dois irmãos querubins, um sempre protegeria o outro.
- Pois bem, não tenho nada contra vocês e de minha parte fiquem tranquilos, nem eu nem Gabriel iremos nos meter nos seus assuntos. É sua vontade salvar a humanidade e tem meu apoio, só peço que não espere por nenhum apoio angelical, estamos meio enrolados em uma guerra agora....
- Vivemos anos, milênios na humanidade sem a sua ajuda ou a de qualquer outro anjo. Vocês brincam de Deus e dizem lutar pela humanidade mas ainda não vi você ou Gabriel movendo uma única centelha pela raça humana, vocês lutam por seu orgulho e sua vaidade e usam a criação de Deus como escudo para isso! - Daniel disse batendo na mesa.
Em outro momento aquilo teria significado a morte do anjo, o arcanjo teria fulminado ele com apenas um olhar, mas esses eram tempos diferentes, Daniel não temia a morte, procurava por ela na verdade e Rafael sabia disso. Pela primeira vez alguém havia sido tão sincero com ele.
Todos ficaram tensos nesse momento, não sabiam qual reação esperar do arcanjo, mas Daniel estava irredutível, não voltaria atrás, não pediria desculpas e tampouco abaixava o olhar, pelo contrário encarava Rafael.
- Você pode ter até razão, Daniel. Não somos seres perfeitos, por mais que queiramos e tentemos, somos apenas anjos, um pouco superiores aos homens, mas com os mesmos conflitos que eles. Podemos lutar por nossa vaidade, mas acredite em mim qunado digo que queremos lutar pela humanidade, queremos acreditar, deixar nossa arrogância de lado e lutar por algo que não sejam nossas próprias vidas, nós tentamos e ao longo dos anos temos conseguido. Não foi só você quem mudou, mas nós também, eu mudei.
- Todos mudamos de certa forma. - Natanael disse.


















Continua....................................................

domingo, 1 de julho de 2012

Cap.23 - Smells Like Teen Spirit

Bruna acordou em uma cama confortável, sem ter a menor noção de onde estava ou como chegou até ali. No lençol estava o emblema de um hotel: Las Palmas - TO. Sua cabeça e seu corpo doía e ela percebia que algumas partes de seu corpo estavam cobertas por curativos. Começou a se lembrar do que houve aos poucos... A luta contra Lilith, contra Astaroth, contra Natalie, sua própria irmã.
Ela se sentia desnorteada, desprotegida, ferida... Sua irmã, aquela por quem tantas noites chorara estava de volta, estava viva e o pior, estava com ódio dela. Bruna não sabia o que fazer, tentou se levantar da cama, mas ouviu uma voz do outro lado do quarto, uma voz familiar, uma voz que ela não escutava há muito tempo.
- Eu não faria isso se fosse você. - Sarah disse.
- Sarah? - Bruna perguntou.
A ruiva saiu do banheiro e sorriu para a garota, vestia as mesmas roupas das quais Bruna se lembrava, uma camiseta e um jeans surrado. A antiga mestra de Bruna se aproximou da cama e apontou para as bandagens.
- Essas são ervas muito difíceis de se encontrar nessa região, não se mova ou a pomada que criei com elas não fará efeito, fique deitada por pelo menos um dia. Depois você estará inteira e é justamente o tempo do seu amigo anjo vir nos encontrar.
- Amigo anjo?
- O tal Daniel, ele salvou você de uma grande queda, garota. Espero que ele e os outros tenham sobrevivido.
- Outros? Que outros?
- O irmão dele, o tal Natanael e Odin.
Bruna ficou calada, não lembrava de ter sido salva por Daniel. Só se lembrava de estar caindo do prédio. Lembrava de ter conversado com Daniel, mas não se lembrava de como ele apareceudo lado dela. A cabeça dela ainda girava, precisava colocar os pensamentos em ordem.
- Eu falhei Sarah. Tudo o que me ensinou não foi suficiente para deter Astaroth e Lilith... E Natalie, Natalie... - As lágrimas desciam pela face de Bruna ao lembra da irmã transtornada, submersa em trevas.
Sarah se aproximou da antiga pupila e passou a mão em sua testa. Ela podia entender a dor de Bruna, sabai como era difícil pra ela descobrir que a irmã estava viva e pior, que agora lutava por seus inimigos. Mas o que Sarah mais temia era o dia em que Bruna deveria enfrentar Natalie, de um modo que não haveria mais volta. Bruna seria capaz de fazer o que fosse preciso?
- Calma, minha criança. A culpa não é sua, eu não sentia mais a energia vital de Natalie, eu a julguei como morta, já não havia nada que pudéssemos fazer. Quem quer que a tenha trago de volta quebrou uma regra, impediu a passagem de sua alma e agora ela está deteriorada.
- Estamos falando da minha irmã, Sarah! Ela ainda está ali, eu sei que está.
- Você tem certeza disso?
- Eu tenho, Sarah, eu vou salvar a Natalie nem que eu tenha que entregar minha vida pra ela. Mas uam coisa me intriga... Se agora existem duas pessoas com o sangue de Gaia e Emanuel, porque Lúcifer ainda precisa de mim pra abrir o portão?
- Seu sangue é puro, Bruna. Sua irmã teve o sangue contaminado pelas trevas, você não, somente o seu pode abrir o portão.
Bruna ficou em silêncio, pegou o controle remoto na cabeceira da cama e ligou a televisão, precisava distrair sua cabeça. Assim que a TV foi ligada uma notícia surgiu.
"E o incêndio que se iniciou ontem em um grande hotel de Brasília já foi controlado. Ainda não se sabe como ele foi iniciado e até agora não foi achado nenhum corpo. Três homens foram vistos saindo do prédio, mas a descrição deles é imprecisa, um deles parece ser um senhor de 60 anos, com uma barba branca, mas nada além disso. Parece que as câmeras pararam de funcionar no exato momento em que eles saíam do local...."
- Pelo menos eles estão vivos. - Sarah disse
- Vou mudar de canal. - Bruna disse.
- Não, ainda não, aumente, eu conheço aquele homem na televisão!
Bruna olhou para a TV e viu um senhor vestido com o uniforme de gala da marinha, uma barba bem feita, branca. Uma aparência imponente e de respeito, parecia já andar pela terra há milhares de anos.
- Aquele... é Leviatã! - Bruna disse
- O principado das águas. - Sarah disse
"- Este incêndio é obra de terroristas esquerdistas que visam a derrubada do governo. Eles se aproveitam desse momento de grande instabilidade na política latina e pretendem denegrir a imagem do presidente. Este por sua vez não dá crédito à nossas informações e corta cada vez mais gastos com as forças armadas. A situação está no limite do controle e alguma medida enérgica deve ser tomada já!" Leviatã bradava, seu discurso era eloquente e sedutor, mas suas palavras eram ameaçadoras.
- Ele está falando de um golpe militar, não está? - Bruna perguntou.
- Ele pretende dar um golpe de estado. Se isso acontecer estaremos perdidos, será o início do fim, apenas o primeiro passo para a destruição da raça humana. Essa onda se espalhará pelos países e estados... Isso não pode aocntecer.
Sarah ficou trêmula, tremia com a idéia de um demônio no poder. Isso já acontecera outras vezes na história da humanidade e na história do próprio Brasil, mas aquilo acontecer naquele momento significava a vinda imediata de Lúcifer.
A ruiva se levantou e foi em direção à porta, sem dizer mais nada ela abriu a porta e saiu. Tudo o que Bruna conseguiu ouvir foram os passos dela descendo correndo a escada. Bruna preferiu não se mover e logo adormeceu novamente.
Sarah saiu do hotel e logo deu de cara com um homem, por volta de seus 40 anos, cabelos negros longos amarrados como um rabo de cavalo, óculos escuros tipo rayban. Ele usava uma camisa de manga curta branca e uma calça jeans clara, estava sentado sobre uma moto Harley-Davidson e sorriu ao ver a maga.
- Olá Sarah. - Ele disse e sua voz era angelical, parecia um trovão que ecoava bem ao longe.
Sarah olhou na direção do homem e hesitou por um momento... Fazia muito tempo desde de seu último encontro. Ela andou na direção dele, o abraçou e o beijou demoradamente, o homem por sua vez retribuiu, abraçou-a forte e passou a mão por seus cabelos enquanto a beijava. Após um curt período de tempo que pareceram horas ela se afastou dele e olhou através dos óculos escuros do homem.
- Olá Rafael.
O arcanjo sorriu novamente, parecia feliz em encontrar a mulher.
- Já faz muito tempo. - Ela disse.
- Dez anos se passaram sem que eu jamais deixasse de pensar em você. - Ele disse
- Você me abandonou aqui na terra, Rafael.
- Sabe que não poderia levar você para o paraíso, sabe que não pode cruzar os portões, não poderia deixar Gabriel, Miguel e Uriel saberem de você. Se soubessem quem você é, se soubessem da sua família, estariam todos sendo cassados agora. Não é a vontade do Pai.
- Parece que não adiantou de muita coisa. Lúcifer está atrpas da minha sobrinha, sua sobrinha!
- Minha sobrinha? Impossível! Os descendentes de Emanuel foram mortos.
- Não todos.
Rafael encarou a mulher durante um tempo, um frio passou por sua espinha.
- Lúcifer está atrás dela para abrir o portal que o conduzirá para o centro da guerra civil celestial. Ele e suas hordas, você sabe o que isso significa né? Significa que os arcanjos divididos e em batalha irão sucumbir ante o poder dele.
- Não! Isso não pode acontecer.
- Eu sei, o portal deve ser trancado.
- E a garota deve ser morta.
- A garota é minha sobrinha, é minha família e ninguém tocará nela, ela ficará em segurança. Temos um dos seus a protegendo.
- Quem?
- Daniel, o querubim.
- O renegado? Ele já não faz parte do corpo celestial.
- Ele sempre fará e você sabe disso.
Rafael olhou para Sarah, ela estava certa. Ele olhou Daniel crescer durante milênios, acompanhou sua vida na terra, o arcanjo era a favor do perdão mas sabia que nenhum de seus irmãos permitiria isso na época. Ele tentou ajudar Daniel uma vez, mas foi rejeitado então passou aobservá-lo de longe.
- Preciso conhecer a garota. - Rafael disse.



















Continua.........................................................

terça-feira, 19 de junho de 2012

Cap. 22 - Castle of Glass

Sarah exigia mais do carro do que ele poderia dar, a picape mesmo com toda a sua potência não era capaz de romper a barreira do som e naquele exato momento era do que ela precisava. Daniel olhava ansioso para estrada sem emitir nenhum som, seus músculos contraídos, era pedia baixinho para o Pai, onde quer que ele estivesse, para que pudessem chegar a tempo. Natanael olhava para os dois completamente tensos na frente, mas sua cabeça estava voando... Ele estava muito longe dali. Achava aquilo tudo muito engraçado, afinal ele passou os últimos milênios caçando o irmãos pelas eras, esperando a oportunidade de destruir ele, de obter sua vingança, mas agora ele estava ali, diante dele e ainda o estava ajudando.
Mas ele se sentia diferente agora, não tinha mais tanta raia do irmão. Claro, uma aprte dele jamais perdoaria Daniel, mas pela primeira vez em milhares de anos ele se sentia realmente vivo, não movido apenas por uma vingança, mas por algo maior que nem memso ele sabia explicar.
Estavam na entrada da capital quando ouviram sirenes ao fundo. Inicialmente Sarah achou que a polícia estava vindo atrás dela, mas quando eles passaram direto por ela, Sarah percebeu que eles estavam indo na direção de algo ainda maior e mais perigoso... Um prédio em chamas logo à frente.
Natanael apontou para as chamas no alto do prédio, mesmo à distância ele podia ver 4 formas se movendo no fogo, lutando e ele reconheceu Lilith e Astaroth.
- Para lá! Sua garota está ali, irmãozinho e ela não está sozinha. - Natanael disse
Sarah pisou ainda mais fundo, mas uma explosão ocorreu antes que ela pudesse chegar. Todo o andar em chamas de repente explodiu formando um cogumelo de fogo no centro da cidade. Então um corpo começou a cair pela janela... Era Bruna, ela estava inconsciente e estava indo em direção ao chão.
Com o carro em movimento, Daniel abriu a porta e se lançou para fora do mesmo. Suas asas rasgaram sua pele e sua blusa e abriram-se como se um grande falcão estivesse pronto para voar. Antes que seus pés pudesem tocar o chão ele alçou vôo, subindo como um raio na direção de Bruna, conseguiu pegar ela em seus braços, desestabilizou-se um pouco, mas conseguiu pousar no chão em segurança, logo em seguida a protegendo de uma rajada de estilhaços que caiu sobre eles.
- Bruna! Você está bem? - Daniel perguntou
- Eu... Lilith... Eu estou bem. - Ela balbuciou quase inconsciente.
Neste exato momento, Sarah parou a picape na frente deles e Natanael abriu a porta traseira. Daniel levantou Bruna nos braços e a colocou na traseira do carro, Natanael terminou de ajeitar a garota no carro e desceu. Antes de Sarah arrancar com o carro novamente, Daniel deu algumas instruções:
- Leve ela daqui, a gente se encontra daqui a 2 dias em Palmas.
- Como você vai me encontrar? - Sarah perguntou
- Eu te acho. - Foi tudo o que Daniel respondeu.
Daniel fechou a porta e Sarah arrancou novamente com o carro, saindo da cidade. Natanael olhava para o irmão, as asas manifestadas assim como o irmão, dois anjos no centro da cidade em chamas.
- É hora de fazermos nosso trabalho. - Daniel disse
- A Lilith é minha. - Natanael disse e disparou para o alto, indo como águia para as chamas.
Daniel seguiu o irmão e quando entrou no quarto, viu o cenário da destruição. Tudo estava em chamas, Odin estava caído num canto do quarto, quase desacordado enquanto Astaroth estava em cima dele, socando o mais forte que conseguia, fazendo escorrer sangue por todo o rosto do elemental.
Daniel tentou scar sua espada, mas aí lembrou-se de que ela havia desaparecido na explosão do motel na beira da estrada. Só restava a ele lutar com os próprios punhos. Ele lançou-se na direção de Astaroth empurrando para longe de Odin, fazendo o demônio desaparecer por um momento nas chamas, só para que ele ressurgisse mais furioso.
Astaroth riu enquanto seu terno pegava fogo e expunha seu corpo queimado pelo inferno. Ele sorria de satisfação.
- Finalmente a diversão vai começar! HAHAHA!
- Eu só vim aqui pra te destruir, não se engane. - Daniel disse
A batalha entre os dois começou, Astaroth investia rápido contra o renegado, forçando Daniel a recuar, mas então Daniel conseguiu  virar a situação quando acertou um soco direto no peito do demônio, fazendo este cair no chão de joelhos. Mas Daniel abaixou sua guarda e recebeu um soco direto no queixo que o fez girar no ar.
Natanael sacou sua espada angelical e imediatamente ela se materializou, ele recolheu suas asas, usaria todas as suas energias contra Lilith, esperava por aquilo há muito tempo.
- Olá, vadia do inferno.
- Olá, idiota celestial.
Ela sacou uma pequena adaga de um bolso em sua calça que logo se materializou em uma espada de lâmina curva. Natanel investia com fúria dando pouco espaço para a demônio lutar, seus golpes eram certeiros e fortes, fazendo ela recurar em direção as chamas.
Enquanto isso Daniel se recuperava do golpe recebido, ainda estava atordoado e logo Astaroth subiu em cima dele começando uma série de socos, enquanto gargalhava e gritava.
- Ué! Acho que me enganei, você é só mais um merda de um anjinho! Depois que eu matar a você e seu irmãozinho aqui, vou arrancar a cabeça daquele velho ali - disse apontando para Odin - e vou atrás da sua queridinha e você não tem idéia das torturas que tenho em mente para ela! HAHAHA! Será tão prazeroso quanto foi matar aquele velho, dono do motel na beira da estrada!
Uma fúria incontrolável dominou o anjo... Tinha sido Astaroth que havia matado o idoso, Asmodeus apenas queimou o lugar. Os olhos do renegado começaram a brilhar com uma luz intensa, tão forte que forçou Astaroth a levar as mãos aos olhos para cobri-los. Todo o corpo do renegado se iluminou, ele se levantou do chão derubando o próprio Astaroth no chão. Um forte invadiu o lugar fazendo as chamas se apagarem no mesmo momento, parecia que um furacão havia entrado pela janela.
Uma espada surgiu na mão de Daniel, a katana de Susano´o estava de volta ao seu poder ela brilhava como seu dono. Daniel descreveu um arco no ar com a espada que lançou o demônio em uma parede que cedeu ao impacto derrubando Astarot do outro lado do cômodo com uma parede desabando sobre ele.
O renegado caminhou sobre a parede que prendia o demônio e sorriu.
- Você foi pesado, você foi medido e considerado culpado de seus crimes, Astaroth príncipe das legiões infernais. E seu reinado acaba hoje.
Daniel levantou a mão, seu punho estava rígido como uma pedra e ele deu um soco na parede abaixo dele que estilhaçou, sua mão ultrapassou os destroços e atingiu o coração de Astaroth, fazendo o demônio urrar de dor.
- NÃO! PARE! EU SOU ASTAROTH!
Mas Daniel não recuou, ele fechou sua mão e arrancou o coração do demônio que por um brev momento viu o órgão pulsar na mão do anjo. Daniel esmagou o coração do demônio como se fosse um biscoito que se esfarela com facilidade. Astaroth deu seu último grito de dor que ecoou por toda a cidade e finalmente seu corpo começou a queimar, se desintegrando em cinzas e se espalhando ao vento.
Natanael se distraiu com a ação do irmão, o que deu a Lilith a chance de investir um golpe direto no coração do anjo. Mas o próprio Daniel percebeu isso e lançou sua espada na direção da demônio, decepando-a. Lilith urrou com a dor e saiu correndo, se lançando pela janela afora.
O corpo de Daniel voltou ao normal, mas o anjo estava estafado pelo esforço e caiu no chão com o corpo quase inerte. Natanael pegou o irmão em um dos braços e olhou para Odin:
- Consegue andar?
- Consigo, vamos temos que sair daqui. - Odin dizia com a voz fraca, ele também estava muito ferido.
Eles tentaram mover-se o mais rápido que podiam pelos destroços a fim de chegar na escada de incêncio para finalmente escapar daquele prédio.











Continua................................................

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cap. 21 - Assassin

- Filho da puta! - Daniel gritou no meio da estrada vazia a quem pudesse ouvi-lo, mas ele sabia que estava tão no meio do "nada" que provavelmente seus xingamentos só seriam ouvidos pelos pássaros e por Natanael.
Natanael estava centado perto das cinzas de onde, algumas horas atrás, era o hotel de beira de estrada. Provavelmente o corpo do idoso responsável pelo hotel jazia ali, largado, abandonado e queimado. Era estranho para o anjo reconhecer a imortalidade da carne humana e a imortalidade de seu espírito, a essência de Deus em cada humano, aquilo que ainda os ligava aos reinos celestiais, era tão simples, mas ao mesmo tempo complexo demais. Nem mesmo ele, um dos anjos mais antigos do céu, sabia o que acontecia exatamente com as almas humanas.
- Mas que merda! De todas as coisas que ele poderia fazer... Ele TINHA que destruir a minha moto? Eu comprei aquela moto com o próprio Harley! Você sabe o que isso significa? Que eu vou arrancar o coração de Asmodeus com minhas próprias mãos. - Daniel ainda bufava de raiva.
- Precisamos sair daqui, pelo que você me disse sua amiga está em perigo. - Natanael dizia calmamente.
- Eu sei disso, irmão. - Daniel se acalmou - Mas no momento não vejo saídas para a posição em que estamos, precisaríamos de um milagre para sair daqui.
- Poderíamos nos desmaterializar ou expor nossas asas.
- Eu fui proibido de me desmaterializar, lembra? E ainda que eu exponha minhas asas não terei energia suficiente para chegar até Brasília. Precisamos de um veículo, um bem rápido.
- Acho muito difícil encontrarmos nessa estrada. Deveríamos começar a caminhar, pelo menos estaríamos nos movendo.
Daniel ponderou as palavras do irmão, ele estava certo. Precisavam ao menos começar a se mover, talvez o milagre realmente acontecesse, Brasília não estava tão longe afinal, eles já estavam em Goiás. Mas ainda havia uma coisa que Daniel precisava fazer antes de partir, um dever que ele mesmo se imputara.
Ele caminhou até os destroços e começou a levantar algumas vigas, sua força acima da média humana e sua agilidade facilitaram o trabalho. Natanael o observava, mas não ousava perguntar o motivo daquilo.
Daniel continuou remexendo nos destroços até que aparentemente achou algo. Pegou uma  viga caída e usou como apoio para levantar os destroços restantes. Natanael se aproximou e finalmente entendeu o que o irmão estava fazendo. Daniel se abaixou e pegou o corpo inerte do homem que os atendera na noite anterior. Ele o levantou nos seus braços e o removeu dos destroços, caminhou para longe das cinzas do lugar, sua roupa estava chamuscada, mas Daniel não se importava. Ele aprendeu a respeitar os humanos, mesmo na morte há muito tempo.
Ele começou a cavar um pequena cova no chão, o suficiente para abrigar o corpo e impedir que alguma chuva expusesse o mesmo. Colocou o corpo lá dentro e orou baixinho, entregando o espírito daquele pobre homem à Deus, onde quer que ele estivesse.
- Por que fez isso? - Natanae perguntou.
- Respeito aos mortos, meu irmão.
- E por que isso é necessário?
- Uma vez, eu estava em um antigo campo de concentração judeu. Minha tropa havia acabado de dominar os nazistas e enquanto eles eram fuzilados pelo meu pelotão, alguns homens estavam abrindo as celas dos prisioneiros. Homens em um estado que você provavelmente não encontraria nem nas masmorras do inferno. Foi então que eu vi, uma criança saiu correndo para longe de sua mãe quando viu o corpo de seu pai jogado em um canto. Ela começou a pegar um pouco de neve e jogar por cima do corpo, tentando enterrá-lo. Um ato de respeito e amor, isso realmente me fez entender muito sobre a natureza do ser humano. Talvez eles não sejam todos amorosos, muito pelo contrário, alguns tem um potencial enorme para a destruição, mas ainda há amor neste mundo.
- Daniel, você mal conhecia este homem, como pode ter amor pela vida dele?
- Eu não o conhecia, mas ele foi pai de alguém, filho de alguém, irmão de alguém... Ele teve família, sua passagem neste mundo não foi em vão.
Daniel se calou. Natanael ainda não entendia o porquê daquilo, mas sabia que era importante para seu irmão, ajudou ele a colocar a terra sobre a cova e então começaram a caminhar pela estrada.
O calor estava insuportável, eles já caminhavam há mais de uma hora e nada de achar nenhum carro. Não queriam admitir mas estavam começando a achar que caminhariam para sempre. Então começaram a ouvir uma sirene vindo na direção deles, primeiro baixa e depois o som foi aumentando. Era uma picape Hilux pertencente à polícia federal, eles dirigiam rápido na direção dos dois anjos, não aparentavam que parariam ao chegar perto deles.
Então quando estavam quase em cima dos dois celestiais a picape deu giro abrindo a porta lateral para eles. Dentro, uma mulher ruiva, não aparentava mais do que 30 anos, vestia uma camisa social azul claro e uma calça jeans comum, usava botas de caminhada... Ela era linda.
- Quem é você? - Natanael perguntou
- Quem é você, perguntou eu! - A mulher respondeu.
Depois de alguns segundos observando a mulher, Daniel finalmente a reconheceu... Aquela era Sarah, a mestra de Bruna, mas o que ela estava fazendo ali? Era para ter chegado à Brasília há pelo menos 1 dia.
- O que houve, Sarah? - Daniel perguntou deixando a mulher suspresa pelo reconhecimento.
- Você a conhece? - Natanael perguntou
- É a mestra da garota que te falei.
- Ah sim. - Natanael estendeu a mão - Eu sou Natanael, algoz do meu irmãozinho aqui.
- Já ouvi falar de você Natanael, o querubim do Éden. - Sarah disse
- Fico lisongeado.
- Entrem precisamos sair daqui o mais rápido possível, a polícia já chegou no lugar da explosão do hotel e logo estarão aqui!
- Por que você não está em Brasília? - Daniel perguntou ao entrar no carro.
Sarah acelerou o mais rápido que pôde, fazendo os pneus cantarem e até memso Natanael segurou no braço da porta.
- Meu avião foi retido no Rio de Janeiro, algo sobre mau tempo... Mas precisava chegar o mais rápido possível em Brasília.
- O que está acontecendo, Sarah? O que não está me contando?
- Daniel... Astaroth e Leviatã estão em Brasília, você sabe o que isso significa? - Sarah parecia preocupada.
- Significa que ela está com um problema dos grandes... - Natanael disse do banco de trás.
- Os príncipes do inferno são o menor dos problemas. - Daniel disse
- E por que? - Sarah perguntou
- Porque, geralmente, o chefe deles sempre aparece depois. Temos que tirar Bruna de lá agora! Ela não será capaz de enfrentar Lúcifer sozinha. - Daniel disse
- Nem nós somos capazes de lidar com ele, irmãozinho.
- Temos que chamar reforços. - Sarah disse
- Mas quem? - Daniel perguntou
- Eu conheço um arcanjo que pode nos ajudar, e também temos os elementais. - Sarah disse
- Vamos nos preocupar em tirar Bruna e Odin de lá. - Daniel continuou - Mas me diga, por que está com o carro da polícia federal?
- Bom... Vamos dizer que eu compeli alguém a me emprestar. - Sarah percebeu o olhar de reprovação de Daniel - O que foi? Era o carro mais rápido que tinha ali!
- Corre, estamos sem tempo.
















Continua......................................................

sábado, 16 de junho de 2012

Cap.20 - Afterlife

O crepitar das chamas, os risos maquiavélicos de um demônio no meio das chamas, um anjo deixando este mundo numa explosão de luz, dor, lágrimas, suor... Tudo parecia tomar forma na cabeça de Bruna dando a ela o pior dos pesadelos e a mais dolorosa das lembranças: A morte de sua família. Sua mãe, seu pai e sua irmã... nada mais restava.
Ela acordou, lutava para segurar as lágrimas, lutava para conter a dor que tentava dominar ela toda vez que lembrava das chamas. Ela queria acabar logo com aquilo, não havia por quem lutar, ninguém que fosse tão importante para ela como sua família era. E agora eles se foram... Ela daria sua vida como sacrifício de bom grado.
Levantou da cama e caminhou até a janela do quarto, ela podia ouvir o ronco de Odin vindo do outro quarto. Encarou a escuridão do lado de fora, a lua reinava absoluta no céu, tão cheia, tão brilhante, tão linda.
A porta do quarto abriu lentamente, Bruna virou-se rápido e quase não conseguia acreditar no que estava vendo. Na porta, parada de pé diante dela, estava uma garota com seus prováveis 18 anos, cabelos negros e longos que desciam até suas costas. A garota usava calças jeans escuras, uma bota e uma camiseta branca muito surrada e com manchas vermelhas que se pareciam e muito com sangue. Mas Bruna conhecia aquela garota, conhecia ela tão bem que nao foi capaz de se mover, chorava como nunca antes em sua vida, não sabia o que sentir... Aquela era Natalie, sua irmã.
- Natalie? - Bruna tentava formas as palavras, mas sua mente estava inundada de perguntas e sentimentos.
Natalie caminhou até ela, estendeu sua mão para ajudar a irmã a se levantar. Não disse nenhuma palavra. Bruna pegou na mão da irmã e quase não acreditou... era real, mas como? Bruna sentou na cama com a ajuda de Natalie, as duas estavam frente a frente agora após tantos anos.
- Natalie, é você? - Bruna tentava organizar a mente.
Natalie apenas acenou com a cabeça e fez um sinal para que a irmã se calasse, ela parecia tensa, parecia nervosa, estava apavorada.
- Eu tenho pouco tempo, Bruna. - a voz da garota era musical, como a da irmã - Eu sei que você tem muitas perguntas, acredite eu também tenho, mas não podemos falar agora sobre isso. Eu sobrevivi ao incêndio de uma forma que até hoje eu tento entender. Uma mulher chamada Lilith ouviu batimentos cardíacos quase inaudíveis em meu coração, ela me deu seu sangue e então uma grande onda de choque passou por mim. Dor, lágrimas, força, sede, muita sede inundou o meu corpo. Ela me levou dali, me alimentou e cuidou de mim e me dava tudo o que eu mais queria... Seu sangue.
- Natalie, Lilith... Lilith é um demônio, ela tentou me matar!
- Eu sei, mas o sangue dela, o poder que ele proporciona, você ficaria maravilhada e tão viciada nisso quanto eu fiquei. Era impossível se afastar. Mas então coisas começaram a acontecer, dores, convulsões, ódio, raiva, a sede pelo sangue humano, pela guerra... Era como se ela própria estivesse controlando minhas emoções. Eu me tornei escrava de Lilith, eu abracei as trevas e encontrei conforto nelas. Eu já não tinha mais ninguém, até onde eu sabia você tinha morrido.
Natalie se jogou nos braços da irmã, Bruna a abraçou tão forte que sentia seus braços tremerem com a tensão. Ela podia sentir Natalie chorando, as lágrimas molhavam o braço de Bruna. Natalie soluçava, tremia, parecia que ia desmontar.
- Eu não conseguia parar Bruna! As coisas que ela me levou a fazer, o sangue... Me desculpa! - Natalie quase gritava.
- Está tudo bem Natalie, vai ficar tudo bem, eu to aqui. - Bruna tentava acalmar a irmã.
- Não Bruna! Não vai! Ela está vindo pra buscar você, você precisa ir embora!
- Quem está vindo me buscar? - Bruna começou a ficar tensa.
- Lilith, ela está trazendo Astaroth... Você precisa sair...
- O que você está fazendo aqui, Natalie? - Bruna se afastou da irmã.
Natalie levantou e encarou Bruna, seus olhos estavam diferentes agora, estavam vermelhos como o sangue. Bruna sentia que quem estava ali já não era mais sua irmã, não mais. O sangue de Lilith corrompeu Natalie, a levou a lugares onde nenhum humano deveria ir, deixou a irmã na beira de um abismo do qual não havia retorno.
Natalie sorriu, uma mistura de dor e fúria bailavam nos lábios dela. Bruna sabia que a irmã estava em algum lugar ali dentro só não sabia se seria capaz de tirar ela de lá. Natalie tirou uma faca que estava presa na bota, era uma pequena adaga que tinha um dragão entalhado no cabo de prata. A lâmina brilhava como a lua daquela noite. Bruna recuou.
- O que você vai fazer Natalie? Larga essa faca. - Bruna recuou, um grito surdo preso na garganta. Ela não podia usar suas chamas, não ali, não contra sua irmã.
- Desculpe irmãzinha... Eu preciso do seu sangue... Minha mestra precisa do seu sangue. - A voz outrora angelical agora tornara-se demoníaca.
- Você não precisa fazer isso, Natalie. Você pode ficar livre dela, deixa eu te ajudar.
- Eu não preciso da sua ajuda! Se estou onde estou é por culpa sua! Você me abandonou nas chamas, me deixou para morrer. Lilith me salvou! Lilith esteve ali comigo quando você me abandonou.
- Natalie, não é verdade, eu não sabia... - As palavras novamente fugiam da sua boca diante das acusações da irmã. Será que ela estava certa?
- Seu sangue será meu esta noite!
Natalie partiu para o ataque, Bruna estava sem reação, não havia como desviar da irmã sem machucá-la, não podia usar sua magia, não queria usar. Então quando a adaga estava perto de ser estocada em seu peito algo improvavél aconteceu.
Um raio cortou a escuridão do quarto e atingiu Natalie bem no meio das costas lançando a garota na parede. O corpo caiu no chão com a fumaça subindo do lugar. Tudo aconteceu tão rápido que Bruna mal teve tempo para reagir. Quando levantou a cabeça conseguiu ver Odin na porta do quarto.
- O que está acontecendo aqui? - Odin elevou a voz.
- Natalie, minha irmã. - Bruna apontou para o corpo inerte no chão.
- Impossível! - Odin se virou para o corpo - Natalie morreu no incêndio.
- Eu estou começando a achar que é muito pior do que isso.
Natalie novamente começou a se mover, mas dessa vez ela estava com mais raiva. Sombras emanava do lugar onde ela estava, seus olhos agora brilhavam com um vermelho vivo, seu rosto estava transtornado... Então era aquilo o que o sangue de um demônio podia fazer com um humano.
- Natalie, chega! - Bruna tentava gritar inutilmente para a irmã.
Natalie novamente avançou e as sombras dominaram o quarto, tudo ficou escuro como a mais densa noite. O medo pairava no ar e subitamente a porta do quarto bateu com uma violência impressionante.
Então uma explosão se ouviu, a janela do quarto foi estilhaçada faznedo chover vidro na calçada do lado de fora. Finalmente alguma luz entrou, a lua agora iluminava o quarto. Na ponta da janela estava Natalie, sorrindo como um animal ao encarar sua presa. Ela virou as costas e pulou da janela se lançando nas trevas da noite.
Bruna correu na direção da janela e procurou a irmã do lado de fora, mas era inútil. Natalie havia sumido.
- Mas que merda foi essa? - Odin tentava manter a calma
- Natalie é o menor de nossos problemas agora. - Bruna olhou para baixo e pôde ver uma mulher de longos cabelos negros entrando no hotel, ela usava um espartilho negro que a deixava no estilo femme fatale, ao seu lado estava um jovem, vestindo um terno armani de caimento perfeito, os cabelos curtos penteados para trás e um olhar ameaçador nos olhos.
- Lilith e Astaroth estão vindo.

















Continua....................................................................